Um dos maiores questionamentos dos detratores dos carros elétricos é a questão das baterias. Quanto tempo duram? São mais poluentes do que a gasolina? E a reciclagem? Segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), pelo menos a parte do reaproveitamento está solucionada.
As baterias de lítio, que equipam a grande maioria dos veículos eletrificados (elétricos puros ou híbridos) rodando pelo mundo podem ser 100% recicladas, evitando qualquer risco ou prejuízo ao meio ambiente. A tecnologia para desenvolver este trabalho está difundida mundialmente e já é desenvolvida também no Brasil – as três principais empresas especializadas nessa atividade que operam no país são Re-Teck, Energy Source (associadas da ABVE) e Lorene.
Ao contrário do que muita gente imagina, a bateria de um veículo eletrificado não quebra ou estraga de um dia para o outro. Na verdade, assim como acontece nos aparelhos celulares, com o passar dos anos, suas células vão perdendo a capacidade de carregamento. No caso dos veículos elétricos, em geral, não é necessário trocar a bateria toda de uma vez: o consumidor poderá solicitar um teste das células e trocar apenas as que estão danificadas – o processo é similar ao que já acontece no Brasil com as baterias de bicicletas elétricas. Estas células substituídas são enviadas para a reciclagem.
Essas células, feitas de lítio, são o componente mais importante da bateria e operam, basicamente, como as pilhas comuns que conhecemos, armazenando a energia necessária para manter o veículo em funcionamento. Os carros elétricos, dependendo do modelo, possuem milhares de células.
Quando o desempenho da maioria das células atinge a marca de 50% abaixo do normal, é a hora da substituição. Porém, aquela bateria usada ainda poderá ter uma “segunda vida” em aplicações estacionárias, incluindo sistemas de armazenamento de energia solar ou eólica para residências e empresas.
As baterias dos veículos possuem, em geral, garantia de oito anos e apresentam uma durabilidade que varia de 10 a 15 anos – e, portanto, ainda não existem modelos eletrificados no Brasil com baterias que necessitem da reciclagem. No momento em que as baterias que rodam atualmente pelo país começarem a chegar ao seu limite de durabilidade, as empresas de reciclagem estarão prontas para oferecer seus serviços para o mercado nacional.
Basicamente, estes serviços poderão incluir a coleta das baterias usadas por todo o país e a reciclagem de 100% do produto. A maior segurança que esse processo terá sucesso é o fato de os itens reciclados terem valor de venda no mercado global, similar ao de comodities, além de contribuírem com a preservação do meio ambiente.
Durante a reciclagem, que consiste na trituração das baterias, são gerados três tipos de produtos que são devidamente separados: plásticos, retalhos de alumínio e cobre e os chamados metais nobres (lítio, cobalto e níquel). Todos são recicláveis, mas os resíduos de metais nobres são os mais valiosos no mercado internacional e são conhecidos como “Massa Negra” (“Black Mass”) pela sua aparência – são um pó metálico e preto que posteriormente é enviado para separação dos metais e reaproveitamento na fabricação de novas baterias. Lítio, níquel e cobalto podem ser reciclados infinitas vezes.
Existe um interesse crescente, globalmente, pela “Massa Negra”. Grandes empresas internacionais já estão atuando nesse setor e algumas montadoras já anunciaram parcerias ou joint-ventures para explorar as oportunidades de reciclagem com as baterias de veículos eletrificados.